Sinceramente eu não sei onde estão empregando o dinheiro arrecadado por este País.
Acompanhando o noticiário econômico, vejo que no mês de agosto próximo passado, tivemos um DEFICIT primário de R$ 432 milhões, o pior desde agosto de 2001. Isso quer dizer que o país gastou mais do que arrecadou, sem considerar os juros devidos em razão da dívida pública.
Se não considerarmos as receitas extras de dividendos recebidos pelo Tesouro, o “rombo” seria de 4,5 bilhões. Se colocarmos os juros da dívida pública, ai meus amigos, o rombo cresce assustadoramente. O que impressiona é que, a cada mês se arrecada mais, e mesmo assim, o país não consegue administrar seus gastos.
O interessante é que o governo vai se eximindo de vários gastos e mesmo assim o dinheiro não dá.
Hoje o cidadão paga por quase todos os serviços que necessita, pois saúde, educação, segurança, serviços sociais, enfim, as políticas públicas, são deficientes, não atendem os anseios das pessoas, e se quiserem um tratamento adequando e de qualidade, devem pagar por isso.
E cada vez mais iremos pagar ao setor privado, se quisermos um serviço de qualidade. É o caso agora em nosso Estado, das concessões das rodovias federais.
Como o Governo não consegue fazer seu dever de casa, de investir na melhoria das estradas e da sua manutenção, o que faz? Passa para a iniciativa privada, o que é muito bom, pois teremos estradas melhores e com maior segurança. Ótimo. Mas e ai? O nosso IPVA, para onde vai? Iremos pagar pedágio e IPVA?
O custo do cidadão só vai aumentando e a contrapartida não existe. Temos uma carga tributária de primeiro mundo e os serviços públicos de terceiro.
Dinheiro tem, o problema é o desperdício. Nosso gasto público se concentra em custeio, ou seja, em despesas, e não em investimento, que por sinal é baixíssimo, sobretudo em infraestrutura.
Nossos gestores precisam urgentemente buscar a redução desse custeio da máquina, como temos visto alguns exemplos de prefeitos e governadores reduzindo secretarias, cargos comissionados e despesas controláveis. A maioria das despesas pode ser reduzida através de uma gestão austera e sem maiores consequências com os serviços prestados ao cidadão. Tem que ter determinação e VP (Vontade Política).
A máquina pública está pesada e pode emperrar a qualquer momento, pois não temos mais espaços, como existia anteriormente, de aumento de tributos, para cobrir esses gastos. Nossa carga tributária já alcança cerca de 38% do PIB – Produto Interno Bruto. Chega. Quando ainda havia espaços, o governo lançava mão de novos tributos para refazer o seu caixa. Agora não dá mais.
A luz vermelha acendeu. Se estamos atingindo arrecadações recordes, e mesmo assim temos déficit primário, a situação se esgotou. A solução é a redução do custeio (por favor, não cortem investimentos).
A sociedade não pode aceitar e não vai aceitar qualquer majoração de tributos para cobrir a ineficiência da gestão.
Agora é hora de efetivamente os gestores públicos mostrarem toda sua habilidade administrativa, o que se faz com uma equipe competente, coesa e comprometida com as metas estipuladas.
A gestão pública melhorou consideravelmente, com novas ferramentas e sistemas, o que pode ajudar muito os gestores a terem um controle mais rigoroso e mais próximo desses gastos desnecessários.
Valdir Massucatti. Contador. Advogado. Mestre em Administração. Empresário.