As desigualdades no Brasil não se resumem apenas à vida financeira dos brasileiros, mas sim ao tratamento diferenciado que estes têm perante a Justiça. Um pobre, morador de favela que por fome, ou pela vontade de realizar o sonho de dar um brinquedo ao seu filho, se aventurar a cometer um delito, por menor que seja, e for preso, vai para cadeia como se fosse o pior bandido do mundo. Lá ele corre o risco de passar muitos anos de sua vida, sofrendo todas as humilhações e sem nem mesmo o direito de defesa. Ali ele aprende a ser bandido e dificilmente volta a se integrar como cidadão.
Já o tubarão, acusado de chefiar máfia de ingressos da Copa, é libertado em menos de 24 com um habeas corpus. Este homem, acusado de ser o chefe de uma quadrilha internacional de cambistas, que foi preso com todos os indícios e provas em um dos hotéis mais famosos do mundo e que, segundo a investigação, teria lucrado milhões com a venda ilegal de ingressos, não passou nem uma noite na cadeia.
A Rocinha está esperando a declaração dos representantes da Fifa, instituição de índole tão duvidosa e que tanto criticou o Brasil e o povo brasileiro, nos atribuindo diversos estereótipos preconceituosos. Ao mesmo tempo estamos curiosos em saber como um estrangeiro, preso com ingressos e provas registradas em gravações telefônicas, consegue um habeas corpus no meio da madrugada?
Tal situação é uma vergonha para o nosso país e uma desvalorização do brasileiro e dos investigadores que estavam à frente do caso. O nosso povo não pode entrar no Maracanã, nosso maior símbolo do futebol, mas os corruptos tiveram passe livre.