Em todas as diferentes estruturas da sociedade, a apresentação pessoal, quer através da maneira como nos vestimos, quer através do modo como nos comportamos, pode ser mais ou menos adequada. Certo ou errado, concordemos ou não, é assim que organizamos nossa vida nesse planeta. Os grupos sociais apresentam características próprias (cada povo, uma cultura) e, em cada um desses grupos, estabelecem-se determinadas regras e padrões de comportamento.
Em uma reunião religiosa, por exemplo, as pessoas, em geral, vestem-se de acordo com a ocasião. Dificilmente alguém entraria numa celebração espiritual com aparência de quem vai à praia ou com atitudes de quem está numa festa.
A maneira como nos apresentamos e nos comportamos em diferentes lugares e ocasiões, segue um padrão. Assim, vamos aprendendo, desde criança, como agir dentro da nossa cultura. Fugir desse padrão pode, em determinadas situações, fazer emergir sentimentos de culpa, vergonha e até de exclusão social.
No universo corporativo não é diferente. Como em qualquer outra estrutura social, nas empresas encontram-se regras e padrões de comportamentos esperados. Pode variar de acordo com o tipo de organização, isto é, empresas “Soft” são mais flexíveis, com padrões menos exigentes, enquanto que empresas “Hard” são mais formais e rígidas quanto ao que se espera como conduta. O profissional deve, então, estar atento a essas regras.
Ao ser convidado para uma entrevista de emprego, é importante conhecer as características da empresa, seus produtos e, principalmente, sua cultura. Esse é o primeiro passo para se preparar para essa situação. É importante, também, de acordo com a empresa, estar empenhado na apresentação pessoal, que vai desde o modo de se vestir até o comportamento na sala de espera e na presença dos entrevistadores. Essa impressão que os presentes terão nesse primeiro momento, pode fortemente impactar no sucesso ou fracasso da entrevista.
A mesma situação se dá, como profissional, ao realizar apresentações de projetos, de resultados e até diante de reuniões com as equipes de trabalho. Tentar ser demasiado descontraído, informal e até mesmo com alguma intimidade, pode levar a interpretações diversas e passar uma imagem de pouca credibilidade do profissional.
O psicólogo norte-americano, Karl Lashley, que estuda há muitos anos o funcionamento do cérebro, realizou experimentos que contribuíram para descobertas sobre como armazenamos nossos registros de pessoas e situações. Dentre os estudos mais recentes nos Estados Unidos, identificou-se que “...nossos olhos enviam 72 Gb de informação para o córtex cerebral por segundo...” (O Cérebro de Alta Performance - Ed. Gente).
Parte delas é consciente, parte é inconsciente, e é com essa gama de informações que, quem nos observa , analisa ou avalia, faz sua escolha e toma suas decisões. Não basta ser competente e ético,parecer também é necessário para um resultado bem sucedido. Sendo assim, convém dar um pouco mais de atenção à apresentação pessoal, pois uma imagem adequada, certamente contribuirá para o sucesso profissional.
Eline Rasera, psicóloga, coach e professora do curso de Pós-graduação em Administração de Empresas da IBE-FGV.