No início de 2015 muitos especialistas cravaram que o dólar não ultrapassaria uma cotação acima de 4 reais. Muitos também cravaram que a balança comercial brasileira seria deficitária no total acumulado do ano. Ao final do ano, as duas previsões se mostraram equivocadas. O dólar em alguns momentos superou a marca dos 4 reais e, por outro lado, nossa balança comercial teve um resultado altamente positivo. No Brasil nem sempre a lógica econômica atua de forma previsível, mas é sempre altamente recomendável que tenhamos um norte para basear nossas decisões e atitudes que tomaremos no decorrer do ano, por isso, recorremos as previsões.
A expectativa é de que nossas exportações somem 187,443 bilhões de dólares em 2016, segundo projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Na importação, a previsão da entidade está estimada em 158,215 bilhões de dólares. Neste sentido, esperamos um novo superávit da balança comercial brasileira no ano de 2016, projetado em 29,228 bilhões de dólares.
Apesar do resultado esperado da balança comercial ser positivo para 2016, não há muito ainda o que comemorar. A real situação é que apesar do aumento da quantidade das exportações brasileiras, o preço das commodities tem sofrido com uma drástica queda em suas cotações e, sabemos que os produtos básicos (commodities) representam cerca de 46% da pauta das exportações brasileiras. Deste modo, a expectativa é que as importações se mantenham num nível menor que em anos anteriores.
Em números, segundo a AEB, teremos um aumento de 3,1% nas exportações de produtos industrializados, 5% nas exportações de produtos manufaturados, 2% de redução em produtos semimanufaturados e 5,5% de queda com relação a produtos básicos. Ainda sobre as commodities, um estudo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) avaliou que, entre janeiro e novembro de 2014, o montante obtido com produtos como soja, minério e óleo bruto de petróleo foi de 61,9 bilhões de dólares, enquanto que a previsão para este ano é de 44,4 bilhões de dólares.
A redução do preço das commodities é elucidada pela desaceleração da China, maior demandante de commodities do mundo. A economia chinesa este ano tem previsão de crescimento estimado em 7%, resultado abaixo do alcançado em anos anteriores.
Quanto ao PIB brasileiro, economistas aumentaram de 2,81% para 2,95% a expectativa de retração na economia brasileira. Em contrapartida, o então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, atual ministro da Fazenda, afirmou que a revisão da estimativa traz dentro dela uma recuperação da economia no segundo semestre de 2016. “Há uma queda no primeiro (semestre) e recuperação no segundo”. Para o ministro, o comércio exterior deve ser um dos principais fatores de recuperação da economia, com a ajuda do câmbio e investimentos.
Para encerrar, vale lembrar de uma célebre frase de um dos grandes nomes do mundo dos negócios que se encaixa perfeitamente na atual conjuntura brasileira. Henry Ford, fundador da Ford, disse: “Fracasso é simplesmente a oportunidade de começar de novo; desta vez, de maneira mais inteligente”. Neste ano de 2016 comecem de novo e continuem cobrando de nossos representantes políticos.
Diretor da Intervip Comércio Exterior, Renan Diez
é aluno do programa CEO Insights da IBE-FGV