Esta figura ficará indelével na memória brasileira, para o bem e para o mal. Gaúcho, veio de um povo empreendedor e destemido que sempre foi respeitado e também odiado pelos outros Estados brasileiros.
As piadas sobre o gaúcho nos outros Estados são sempre depreciativas e fazem parte da baixa estima do brasileiro, que quando vê alguém se destacando, passa a colocá-lo numa situação menor, na tentativa de diminuí-lo.
Getúlio foi um presidente que atuou de uma forma empreendedora e que implementou várias mudanças no nosso País, tais como as leis trabalhistas (baseadas na Carta del Lavoro na Itália, de Mussolini), que perduram até os dias atuais através da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), Companhias Siderúrgicas, Petrobrás e muitas conquistas.
Chamado de pai dos pobres, Getúlio Vargas (GV) era um líder carismático que soube atuar de acordo com as necessidades da época e que deixa uma herança de uma pessoa com uma personalidade forte, empreendedora e que gostava de fazer as coisas.
Vindo de um estado com traços dos europeus (Italianos, Alemães, Holandeses etc) que aportaram no Sul e em outros lugares do País, este lado empreendedor de Getúlio pode ter alguma relação com o sofrimento por que passaram as pessoas que vieram ao Brasil, após a guerra e cuja opção era vencer ou vencer.
Além disto, o Rio Grande do Sul, depois do Rio de Janeiro e de São Paulo é quem aparentemente tem os melhores shows e uma vida cultural intensa em sua capital, Porto Alegre, com um índice de educação e desenvolvimento bastante apreciado pelos outros Estados Brasileiros, fatores estes que influenciam a formação do administrador/empreendedor.
Getúlio foi moldado para ser um homem empreendedor, com vocação de liderança e com o sentimento de fazer do Brasil um País desenvolvido e provido de uma indústria que o ajudasse no seu crescimento.
Foi dessa época que tivemos a Petrobrás, usinas e siderúrgicas e também uma preocupação com a melhoria da população, ganhando até a alcunha de pai dos pobres.
Getúlio teve um grande opositor, Carlos Lacerda, que tinha sido Governador do Estado da Guanabara, e que também almejava o cargo de Presidente da República, não dando um minuto de descanso para que Getúlio pudesse governar.
Em 1954, pressionado por Lacerda e pelas forças de oposição Getúlio Vargas se suicida, deixando uma frase que povoa o imaginário brasileiro: “Saio da vida, para entrar na história”.
Não se pode ver este Presidente, que tanta influência teve e que tem até os dias atuais, como mais um Presidente que passou, na verdade ele fez a diferença, pelo bem e pelo mal.
Falando na linguagem da escola contingencial (em cada momento uma atitude diferente), citada nos livros de TGA, poderíamos inferir que GV foi uma pessoa que utilizou muito deste estratagema, sendo às vezes autoritário e noutras democrático.
Seu sucesso é tão visível, que uma escola que é considerada entre as melhores de Administração do Brasil e até fora de nosso País, leva o seu nome, a tão conhecida Fundação Getúlio Vargas – FGV.
Getúlio Vargas foi um homem além do seu tempo e seu suicídio o transformou num ícone da política brasileira, possivelmente porque o mesmo deve ter passado por tantos dissabores e contratempos, mas apesar dos mesmos foi uma pessoa que influenciou e influencia o Brasil.
Administrar um País deste tamanho com características continentais, só aplicando uma máxima que desenvolvemos e que metaforicamente demonstra a dificuldade de se administrar o mesmo: “Não se dá cavalo de pau em transatlântico.”
Robson Paniago é professor da IBE-FGV, doutor em Ciências Empresariais pela Universidad Del Museo Social Argentino, mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, especialista em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - SP e Graduado em Administração pela Universidade São Marcos - SP.