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No futuro das empresas, pessoas ou máquinas?

Se as pessoas são o que há de mais importante neste mundo, por que as empresas as têm trocado pelas máquinas? Onde queremos chegar?

Nesta semana proponho uma pausa no tema precificação. Ao invés de falar do assunto, tratemos do futuro das pessoas que consomem bens e serviços. Sem pensar nelas, como tratar do preço?

Até a Revolução Industrial, a produção era manual, portanto, muito baixa, e de lá para cá vem aumentando exponencialmente graças à evolução das máquinas cada vez mais automatizadas. Isto resolveu inúmeros problemas como, por exemplo, a produção de alimentos, mas incrivelmente ainda há quem passe fome.

Também devido ao avanço da informática, super máquinas com preços baixos que permitem até às pequenas empresas substituírem a mão de obra humana por máquinas que trabalham 24 horas por dia, sem necessidade de pagamento do adicional. Claro, a produção aumentou e os custos foram reduzidos vertiginosamente.

Você consegue fazer uma rápida reflexão para prever como será daqui 20 ou 30 anos se tudo continuar no ritmo acelerado das últimas três décadas? Cada vez mais nós, empresários, queremos produzir mais com menos, lucrar mais com menos incômodo, portanto não é bom negócio empregar pessoas, mas adquirir máquinas. Esta é a regra atual. Ganha mais quem é melhor. Como apenas alguns se destacam, estes dominam e a maioria os servirá, ou seja, dependerá dos melhores, dos mais afortunados, dos empregadores para obter o sustento da família. Neste cenário, as empresas passam a ser formadas por máquinas.

Não é a minha intenção ofender ninguém, pois seria eu o primeiro a ser atacado, já que também sou empregador. Desejo neste modesto artigo chamar a atenção das pessoas sensatas a refletir se é isto mesmo o que desejamos? Se continuar desta forma, seremos mais felizes no futuro? Será que é este o mundo que os nossos filhos, netos, bisnetos etc. esperam, ou seremos condenados por eles pela falta de visão e consciência? Será que dirão que fomos uma geração “anti-humanos”?

Naturalmente as pessoas que se empenham nos estudos, no trabalho, economizam e investem bem os recursos são automaticamente merecedoras de uma situação econômica mais privilegiada. Na mesma medida, aquelas que não estudam, trabalham o mínimo necessário, não economizam e não investem porque não fazem sobrar terão menor privilégio econômico. Questão de opção de vida.

No entanto, pense: você, que teve o privilégio de nascer numa família equilibrada, com pais pobres, talvez, mas honrados, lutadores, conseguiu conquistar muitas coisas, se tivesse sido deixado por uma cansada “cegonha” um pouquinho antes numa família cujos pais não tinham bons valores, será que você teria conquistado e se tornado o que hoje é? Penso que não. Se você concordar comigo também deve dar graças a Deus da “cegonha” não ter cansado, mas precisamos pensar numa maneira de tornar acessíveis a todos as mesmas oportunidades que tivemos. Será este um sonho muito distante?

Peço a sua permissão para transcrever um pedaço da manifestação do senador estadunidense J. William Fulbright: “em vez de promover a conquista da natureza, a restauração da natureza; em vez da lua, a terra; em vez da ocupação do espaço extraterrestre, a criação do espaço interno; em vez da coexistência não tão tranquila da afluência e da pobreza, a abolição da afluência até que a miséria tenha desaparecido; em vez de armas e manteiga nas nações superdesenvolvidas, margarina suficiente para todas as nações.”

Finalizo dizendo que estamos altamente acelerados na roda da vida, mas ela precisa ser saboreada e isto não é possível se não pararmos para fazer reflexões constantes. Precisamos saber para onde estamos caminhando, se é nesta trilha que desejamos estar e não simplesmente deixarmo-nos levar pelas fortes correntes. Sempre houve quem dissesse “basta!” promovesse mudanças importantes no mundo.

Sinto-me bem ao ver pessoas sem trabalho? Já fiz alguma coisa para ajudar a melhorar esta situação ou simplesmente reclamo da falta de mão de obra qualificada? Se um dia somente as máquinas trabalharem, iremos vender a produção para elas? O que mais quero é ganhar dinheiro e a condução do mundo não é minha atribuição?

Será possível colocar em minha empresa o lema “esta é uma empresa feita de pessoas”?

Este pode ser o início da verdadeira mudança!

Palestrante, autor dos livros "Honorários Contábeis" e "Como Ganhar Dinheiro na Prestação de Serviços", contador, diretor do Grupo Dygran e membro da Copsec do Sescap/PR. www.gilmarduarte.com.br ------ facebook.com/GilmarDuartePalestrante