A inovação parece ser um tema difícil para definir, assim como outros assuntos, tanto do ponto de vista científico quanto do corrente. Há muitas definições aplicáveis na prática. O conceito é intuitivo, é conhecido, está implícito, ou pelo menos assim se pensa, mas é difícil de ser colocado e expressado em poucas palavras.
Inovação parece estar no rol das palavras difíceis de definir de uma só vez, como amor, saudade, cultura, educação, qualidade, sentimento, tecnologia, paz, justiça, talento e outras tantas. Aqui se perdem os dicionários...
Afinal, como definir inovação?
Um matemático, seguindo a lógica da teoria do limite, poderia concluir que a inovação representa uma diferença. Uma diferenciação, portanto. O problema é que, na teoria do limite, a variável passa por variação em que o limite tende a zero ou infinito. Então, nesse caso, como fica o conceito de diferença?
Qual o limite que uma diferenciação deve ter para que o resultado represente uma inovação? A questão é pertinente, pois os efeitos da aplicação dessa mudança, que representa uma inovação, poderão ser muito diferentes na realidade do mercado, que depende significativamente da percepção e dos requisitos dos clientes e consumidores. Que limites diferenciam revitalização, renovação, variação, inovação?
Inovar requer ousadia e coragem, mas acima de tudo sabedoria. É preciso valorizar as experiências adquiridas no passado, perceber todas as nuances da realidade que o presente nos coloca e, finalmente, estar atento a mudanças e oportunidades que o futuro nos reserva.
A parte seguinte do problema parece ser tão ou mais difícil que a primeira: como efetuar a administração da inovação?
As empresas consideram a gestão da inovação como o processo de descobrir, criar e implementar ou comercializar novas ideias, produtos, processos e serviços.
As empresas mais bem sucedidas consideram a inovação uma competência essencial para sua competitividade e crescimento.
A gestão da inovação sustentável objetiva vencer a concorrência, remunerando o investidor, envolvendo aspectos estratégicos e táticos relacionados com a gestão do capital intelectual, a concepção do modelo de negócio e a incorporação de aprimoramentos tecnológicos que permitam diferenciar produtos e serviços.
Qual o perfil de empresa ou organização adequado para isso? E o que dizer de seus funcionários e gestores? Quais deverão ser seus conhecimentos e como deverá ser sua formação?
Sucesso empresarial passou a depender das pessoas com competência em entender os habilitadores tecnológicos que moldarão o mercado (produtos e estilo de vida).
A tecnologia tornou-se um fator de produção quase independente, capaz de determinar a competitividade em qualquer setor econômico. A tecnologia mais impactante do início do inicio do século XXI é, sem dúvida, a tecnologia de Informação e comunicação.
O desenvolvimento dos países passa necessariamente pela inovação tecnológica, a qual deveria ser compreendida como um fator estratégico para as empresas e para os países.
É esse o enfoque dado por este livro, que trata, entre outros tópicos, da evolução do conceito de inovação tecnológica, da importância da inovação para o crescimento dos países e de sua relação com outros aspectos organizacionais e com o ambiente de negócios.
É nesse contexto que as organizações precisam tornar sua cultura mais propícia à inovação (criar, identificar e adotar).
A inovação tecnológica é um processo que pode e deve ser gerenciado, em nível estratégico e nos seus desdobramentos em outros processos das organizações, como o desenvolvimento de novos produtos, tanto bens (tangíveis) como serviços (intangíveis).
Robson Paniago é doutor em Ciências Empresariais pela Universidad Del Museo Social Argentino, mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, especialista em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – SP e Graduado em Administração pela Universidade São Marcos – SP. Atualmente é professor da IBE-FGV.
robson.paniago@fgv.br