Resumo:
Trabalhar bastante é uma forma de demonstrar o nosso grau de importância e responsabilidade. Justificar a falta de tempo com a dedicação ao trabalho parece óbvio, mas será racional?
Descrição:
Em 2001, o então governador de São Paulo, Mário Covas, faleceu em decorrência de um câncer. Pouco antes, quando estava deixando o cargo para cuidar da frágil saúde, um jornalista lhe perguntou: “se o senhor pudesse voltar atrás, o que mudaria?” Lembro-me de que ele olhou reflexivo para o horizonte e respondeu, vagarosamente: “trabalharia menos, faria menos política e passaria mais tempo com minha família.”
Trabalhar é imprescindível para o sustento e fundamental à saúde, principalmente a emocional. Mas é importante avaliar como trabalhar. Há profissionais que levantam cedo, param pouco tempo para as refeições e encerram o expediente muito tarde. Para alguns, agir assim é a única forma de ganhar um pouquinho a mais para sustentar a família, mas para outros pode ser o desejo desmedido pela conquista. Não sei em qual das duas categorias e intensidade você se encaixa, mas respeito sua escolha. A reflexão que proponho: o esforço é necessário? Até onde pode ser desculpa para não parar um pouco e pensar, planejar e analisar? Será possível fazer diferente? Quem não conhece o ditado popular “quem trabalha muito não tem tempo para ganhar dinheiro”?
O trabalho deve ser dividido em planejamento, execução e análise. Sim, planejar e analisar fazem parte do trabalho! A pessoa que somente executa tarefas repetidas (“Tempos Modernos”, com Charles Chaplin. Quem não viu?) pode ser substituída a qualquer momento por uma máquina. Tarefas repetidas não acontecem somente no parque fabril, mas também nos escritórios. Digitar notas fiscais, conhecimentos de fretes, extrato bancário ou conciliações manuais nos dias de hoje são operações repetidas e facilmente substituídas por importações que exigem 1% do tempo e permitem 0% de margem de erro.
Ok, não é possível importar informações sem que alguém utilize a massa cinzenta do cérebro e gere rotinas capazes de capturar informações diversas de software gerenciais a fim de processá-las e introduzi-las no banco de dados.
Para alguns gestores, o término de um mês é simplesmente fim de um ciclo e início de outro. Já para outros, o fim de um período é o momento chave para analisar como tudo aconteceu, como erros podem ser eliminados e aprimorado o que não foi tão bem, mesmo que tudo esteja certo.
Entendo que a formação do empresário contábil permite ir muito mais longe à análise dos fatos ocorridos no mês findado e defino em poucas palavras onde o contabilista está inserido. A Ciência Contábil, juntamente com a Administração, a Arquitetura, a Ciência da Informação, a Comunicação, o Desenho Industrial, a Demografia, o Direito, a Museologia, o Planejamento Rural e Urbano e o Serviço Social, integra a área do conhecimento humano abarcada pelas Ciências Sociais Aplicadas, que busca entender as necessidades da sociedade e suas consequências, e não a das Ciências Exatas. Observem o grau de importância em que a área contábil está inserida.
A profissão que faz parte do SABER HUMANO necessita que seus integrantes reflitam costumeiramente, como tão bem ensina a filosofia. Ciência do pensar, que visa a origem do conhecimento por meio da reflexão, a filosofia busca respostas às indagações mais profundas da humanidade. Acredito insistentemente na reflexão para conhecer melhor os problemas e suas possíveis soluções.
Repito que trabalhar é necessário e aos contadores não falta esta disposição, mas é vital que o trabalho seja dividido em planejamento, execução e análise. O encerramento de um ciclo, que pode ser mensal, deve ser seguido da análise dos resultados conquistados e da revisão do planejamento, quando necessário. Compare seus resultados com aqueles obtidos pelos colegas, pois assim será possível medir a sua eficiência.
Não espere o fim se aproximar para refletir e desejar mudanças! Vamos raciocinar agora? Como proposta para pensar sobre o seu negócio responda a Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC). Cada pergunta servirá como ponto de análise do seu negócio: tenho esta informação? Se não tenho, posso consegui-la? O meu número é bom ou ruim? Acesse https://goo.gl/XGJ4Rc (se não for possível copie e cole em seu navegador).
Gilmar Duarte é palestrante, contador, diretor do Grupo Dygran, autor dos livros "Honorários Contábeis" e “Como ganhar dinheiro na prestação de serviços” e membro da Copsec do Sescap/PR.
07/05/2017