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Falta de qualificação impede que boa parte dos brasileiros saia do desemprego

Pesquisa da CNI mostra que cinco em cada dez indústrias têm dificuldades em encontrar profissionais qualificad

Pesquisa da CNI mostra que cinco em cada dez indústrias têm dificuldades em encontrar profissionais qualificad

A falta de mão de obra qualificada tem deixado as empresas sem opções na hora de contratação. E, se na pandemia uma série de trabalhadores perdeu o emprego e entrou para a triste estatística de mais de 14,3 milhões de desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), agora, com alguma recuperação econômica, as corporações se veem em um cenário complicado.

Cinco em cada dez indústrias brasileiras enfrentam dificuldades para encontrar profissionais qualificados, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada em fevereiro de 2021. O pior cenário, diz o estudo, está na indústria de biocombustíveis: 70% dessas corporações não conseguem incorporar profissionais por falta de profissionalização.

Para as indústrias de móveis (64%), vestuários e produtos de borracha (62%) e têxtil e máquinas de equipamentos (60%), o cenário também não é promissor. E, para todos os setores, a profissão com maior carência de qualificação é a de operador, algo que acomete pelo menos 96% das indústrias.

O lado dos trabalhadores

Ainda que a CNI tenha divulgado uma imensa dificuldade para que as empresas encontrem mão de obra qualificada, por outro lado, os trabalhadores também enfrentam uma série de dificuldades para alcançar a qualificação necessária.

De acordo com estudo realizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), pelo menos 60% das 11,8 mil vagas ofertadas nos mutirões de emprego em grandes empresas, no ano de 2019, não foram preenchidas. Entre os motivos, a pesquisa destaca dificuldade de expressão, problemas com contas matemáticas, falta de conhecimentos básicos em informática, falta de inglês e poucos anos de estudo.

Em 2019, dos então 13,4 milhões de desempregados, 635 mil eram considerados de difícil realocação pelas empresas. Em 2021, as circunstâncias são ainda piores, visto que a pandemia foi responsável pela demissão de inúmeros trabalhadores de todas as idades, e, com a crise econômica impulsionada por ela, a recolocação desses profissionais fica mais difícil.

Para além do setor privado

Fora das vagas em empresas comuns, a falta de anos de estudo e outros requisitos também impede que milhares de brasileiros possam prestar concursos públicos e atingir cargos mais estáveis – algo muito buscado em um contexto como o da pandemia. Nos concursos previstos, boa parte dos trabalhadores não foi aprovada por não cumprir os requisitos mínimos, o que reforça a proporção da desigualdade educacional pela qual o Brasil passa.

Em 2021, foram abertas mais de 13,5 mil vagas em concursos públicos em todos os estados brasileiros, tanto com remunerações altas – e, portanto, com alta demanda nos requisitos –, quanto com remunerações mais baixas. Um dos órgãos que mais abriu oportunidades foi o IBGE, com 6.500 vagas.