Até chegar à comodidade dos dias de hoje, em que a tecnologia permite o acesso aos serviços por meio de um clique em aplicativos de smartphone, o sistema bancário nacional passou por muitas transformações. Essa história começa há mais de 200 anos, com a fundação do Banco do Brasil, viabilizada pela chegada de Dom João VI ao país. Conhecer um pouco dessa trajetória permite compreender questões que fazem parte do dia a dia e que, por vezes, passam despercebidas.
Uma delas é o número do Banco do Brasil. Por ter sido a primeira instituição bancária do país, criada em 12 de outubro de 1808, tem o número 001 para a realização de todas as transações feitas com outros bancos, nacionais e internacionais.
A história do Banco do Brasil é dividida em fases, como explica a instituição em seu perfil corporativo disponível no site. A primeira delas vai de 1808 a 1833, quando a instituição foi responsável por alguns marcos pioneiros para o país, como a realização da primeira oferta pública de ações no mercado de capitais, em 1817, e o financiamento para a criação da primeira Bolsa brasileira, em 1819. O encerramento dessa fase aconteceu com o retorno de Dom João VI para Portugal.
De acordo com a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), a segunda instituição bancária criada no país foi o Banco do Ceará, que fechou as portas em 1839. Um ano antes, em 1838, foi fundado o Banco Comercial do Rio de Janeiro. A experiência bem sucedida motivou a abertura de outros bancos comerciais nos estados de Pernambuco, Maranhão e Bahia.
Em 1851, o Barão de Mauá criou uma nova instituição Banco do Brasil, dando início a uma importante fase para a marca. Nesse período, o banco participou de outro marco na história do sistema nacional: a primeira fusão bancária, quando se uniu ao Banco Comercial do Rio de Janeiro, em 1853.
No ano seguinte, em 1854, foi realizado o primeiro concurso para escriturários. A seleção é feita até os dias de hoje e tornou-se uma das mais concorridas do país.
Os primeiros bancos internacionais - “London & Brazilian Bank” e o “The Brazilian and Portuguese Bank” - chegaram ao Brasil em 1863, sendo ambos sediados no Rio de Janeiro.
É no século XX que o sistema bancário nacional vive um salto qualitativo com a expansão do número de agências, a criação de legislações para a regulação da atividade, o aumento das linhas de crédito e o início da incorporação das tecnologias aos serviços.
Em 1906, o Banco do Brasil participou de uma nova fusão, dessa vez com o Banco da República do Brasil. Esse foi o início da atual fase vivida pela marca. Desde então, houve a expansão no território nacional e para o exterior. O banco está presente em 15 países, segundo informações do relatório institucional publicado no ano passado.
Na década de 1920, foram criados os primeiros decretos com a proposta de regularizar a atividade bancária nacional. Em 1934 foi publicado o Decreto nº 24.427, responsável por criar as Caixas Econômicas Federais, outro marco da trajetória.
Já a proposta de fundar um banco direcionado ao fomento de empreendimentos que pudessem contribuir para o desenvolvimento do país surgiu na década de 1950. Assim, em 20 de junho de 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) iniciou suas atividades.
Na década de 1960, os principais acontecimentos do setor incluíram a criação do Sistema Financeiro da Habitação e a publicação da Lei nº 4.595, que instituiu o Banco Central do Brasil (BCB), autarquia federal responsável por desempenhar o papel de "banco dos bancos". “O processo de reordenamento financeiro governamental se estendeu até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central”, explica o BCB em seu site.
A Constituição Federal de 1988 também tem uma importante participação na trajetória do sistema bancário nacional. Em seu artigo nº 192, afirma que o sistema financeiro nacional deve promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade.
Outros importantes acontecimentos do século XX foram a criação do Comitê de Política Monetária (1996), responsável por conceder transparência e definir a taxa básica de juros (Selic), e a instituição do Sistema de Financiamento Imobiliário (1997), que regula as operações de crédito para a aquisição da casa própria.
A incorporação da tecnologia nos serviços bancários não aconteceu da noite para o dia, sendo o resultado de um processo ocorrido ao longo desses anos. Citando o caso do Banco do Brasil, trata-se de uma evolução ao longo de mais de 200 anos.
É assim que chegamos aos dias de hoje com o uso da internet, dos aplicativos, do sistema de biometria e a existência de bancos 100% digitais. Essas transformações exigiram adaptações ao longo do tempo, até mesmo, das instituições mais tradicionais.
De acordo com o relatório do Banco do Brasil publicado em 2020, 90,3% das transações realizadas ao longo do ano passado pelos clientes da instituição foram por meio de canais digitais. Apenas 9,7% foram realizadas pelos meios tradicionais, como agências e postos de autoatendimento.
A evolução tecnológica tem transformado não só as transações, mas também as legislações que abrangem o setor bancário. Em 2018, a criação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, exigiu a adaptação das instituições para assegurar maior segurança às informações pessoais dos clientes, inclusive no meio digital. Por isso, a adaptação de processos e rotinas do setor tem ocorrido de forma constante.