O trabalho é uma das maiores ferramentas que o ser humano tem para se desenvolver como profissional, mas também para se integrar socialmente, criar autonomia financeira e conseguir alcançar sonhos almejados. Todavia, a falta de oportunidades pode atrapalhar essas realizações e isso pode piorar ainda mais quando o assunto são pessoas com Síndrome de Down. Porém, para começar a mudar esse cenário, o Governo Federal instituiu no dia 03 de março, o ‘Dia Nacional da Síndrome de Down’, celebrado no dia 21 de março, mesma data do ‘Dia Internacional’, através da nova Lei 14.306/21.
Para Cíntia Santos, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, que atua em prol da inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, a lei que institui o Dia Nacional da Síndrome de Down é um avanço para gerar visibilidade a uma causa tão importante. “É preciso enxergar os indivíduos com a condição como cidadão úteis para a sociedade, tanto na força produtiva, quanto no papel social. Por mais que tenhamos que pensar e praticar a inclusão todos os dias, ter uma data para lembrar isso ajuda muito”, comenta.
A especialista destaca que a inclusão das pessoas com Síndrome de Down no mercado de trabalho ainda é um desafio. “Muitas organizações se prendem ao mero cumprimento da Lei nº 8.213/91, mais conhecida como Lei de Cotas, mas observamos que existe uma grande dificuldade para fazer o enquadramento de forma assertiva. Hoje, apenas 403,2 mil pessoas com deficiência estão inseridas no mercado de trabalho, incluindo as que Síndrome de Down. É um índice baixo que reflete no que temos percebido no mercado em geral. Outro ponto que merece atenção é que as empresas ainda precisam enxergar o potencial produtivo de profissionais com deficiência, que podem gerar resultados e não apenas estarem ali para cumprir uma determinação da legislação”, diz a gestora, que coordena a Rede Ester uma plataforma on-line de oportunidades de trabalho exclusiva para pessoas com deficiência.
Além de promover a inclusão no mercado de trabalho, o Instituto Ester Assumpção atua também para tornar a educação mais inclusiva. Uma das ações em andamento é o projeto Paideia, em parceria com o Criança Esperança. “Temos nos dedicado com a intenção de ajudar tanto os profissionais da educação, quanto os pais e comunidade escolar sobre como lidar com pessoas com deficiência no dia a dia. Ainda existem comportamentos discriminatórios e isso acaba sendo replicado por falta de conhecimento. O nosso objetivo é que a comunidade escolar esteja preparada para superar os desafios da inclusão. Estamos plantando uma semente na escola para colher resultados, no futuro, no mercado de trabalho, pois os alunos que hoje aprendendo a serem inclusivos são os profissionais do amanhã que buscarão ou oferecerão oportunidades”, finaliza Cíntia Santos, que está coordenando a execução do projeto em mais de 10 escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Instituto Ester Assumpção
Fundado no ano de 1987, o Instituto Ester Assumpção é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos criada por Ester Assumpção, educadora nacionalmente conhecida pelo caráter pioneiro e inovador no campo da educação. A instituição atua no campo da inclusão da pessoa com deficiência e tem como foco contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade seja aceita e respeitada na sua integralidade. As principais frentes de atuação são a qualificação e inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e a consultoria para que as organizações se adequem e cumpram o papel social de promover a inclusão.
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