Uma vez, pousando em Salvador, tive uma das piores experiências da minha vida em um pouso. O avião deu três pulinhos, duas derrapadas, uma inclinada para a direita e outra, maior ainda, para a esquerda - até o avião finalmente se equilibrar e dar sinais aos passageiros de que iria realmente parar.
O medo era nítido em meio a exclamações de: “vamos todos morrer!”, ou de palavrões que saiam sem nenhuma condição de serem segurados pela educação na garganta. Além das inúmeras respirações que foram pausadas e que surgiram depois como suspiros de alívio, logo antes do piloto surgir no microfone dizendo: “Senhores passageiros, quem vos fala é o piloto. Gostaria de pedir desculpas e dizer que quem fez esse pouco horroroso fui eu mesmo, não foi o copiloto! É que nem sempre a gente acerta!”. Aqui, peço atenção. Vou repetir: "É que nem sempre a gente acerta!"
Pois deveria. Se tem um cara que nunca deveria errar é ele, o piloto do avião. E também o dentista, o cirurgião, motorista do ônibus ou do Uber, a podóloga e a manicure. Ah! E o cabeleireiro, principalmente quando o assunto é a sua franja.
Mas, Branca, não é você que fala tanto sobre Mudança, Criatividade e Inovação por aí? E que diz que perder o medo de errar é fundamental para a construção de uma cultura disruptiva, inovadora e leve? Sim, sou eu mesma, prazer!
Acontece que, no nosso dicionário, quando buscamos pela palavra ERRO, temos: “engano, equívoco, ausência de competência, de habilidade, de experiência, imperícia, ação ou comportamento inadequado, desvio moral”, entre tantos outros significados, todos negativos. Não temos na lista de significados, pelo menos nos dicionários em que pesquisei para escrever isso, significados como busca de uma solução ou de um caminho melhor, descoberta daquilo que não funciona, caminho para a inovação, ganho de experiência, busca de novas respostas, busca de um novo e melhor caminho para chegar em algum lugar ou resultado. Deveria ter, eu sei, mas não tem.
Penso que nem deveria se chamar erro, deveria se chamar BUSCA. Assim, poderíamos deixar bem claro e definido, bem separado na nossa cabeça uma coisa da outra, o que é um erro e o que é uma busca.
Um erro é cometido por falta de perícia ou de experiência, é a falta de conhecimento ou de atenção. Muitas vezes, por pouco caso ou negligência. Erro é algo realmente horrível, pode colocar a nós e aos demais em risco e devemos mesmo evitar ao máximo. Como fazer isso?
Mantendo-nos presentes, priorizando a segurança, o cuidado, a atenção. Seguindo todos os protocolos quando dirigimos, operamos uma máquina, o fogão, cuidamos de crianças, pacientes ou qualquer outra atividade em que possamos colocar em risco a nossa própria integridade e demais seres vivos.
Já uma busca é quando, sem colocar a vida de alguém em risco, deixamos a criatividade acontecer, a mente brincar e experimentar novos caminhos, novas respostas e, assim, conseguimos com genialidade e leveza mudar as perguntas. E mudando as perguntas, mudamos o mundo inteiro!
Nós sabemos: são tantos novos caminhos a serem descobertos. Claro que errar um caminho traz prejuízos… de tempo e de dinheiro. Mas também traz aprendizados e descobertas. E é assim que uma cultura de inovação acontece: separando erros de buscas. Errando cada vez menos, abrindo-se a buscar mais.
Enquanto isso, pilotos e cirurgiões, podem continuar seguindo o protocolo, “pelamordedeus”!
Sobre Branca Barão
Master Trainer em Programação Neurolinguística Sistêmica e especialista em comportamento humano, Branca Barão ministra cursos e palestras com uma metodologia própria, unindo emoção e interatividade para estimular as capacidades de inovação, comunicação e criatividade. A profissional conta com 20 anos de experiência, mais de 10 mil horas de palco e 200 mil pessoas impactadas ao longo de sua carreira. Branca possui vasto conhecimento na metodologia Disney de gestão da experiência dos clientes, além de ser membro da Mensa Brasil, sociedade internacional formada por pessoas de alto QI. Autora do Livro “8 ou 80 - Seu melhor amigo e seu pior inimigo moram aí, dentro de você!”, com mais de 10 mil cópias vendidas, onde Branca transforma suas vivências em contos e parábolas para auxiliar o leitor a reconhecer todas as facetas que o constituem e a transitar facilmente entre elas. Além disso, é autora da obra “A mulher que vivia de Propósito”, apresentando uma jornada rumo ao autoconhecimento quelevará o leitor a descobrir, finalmente, o seu propósito de vida. Para saber mais informações, acesse https://www.brancabarao.com.br/site/ ou pelas redes @brancabarao/