O Brasil registrou recorde em 2021, com a abertura de mais de quatro milhões de empresas. A busca por segurança financeira pode motivar o sonho de ter o próprio negócio. Mas o caminho da realização está longe de ser angelical, está mais para uma tarefa hercúlea, que esbarra em obstáculos como custos, fidelização de clientes e falta de experiência. Para quem tem uma ideia original e precisa de auxílio para colocar em prática, a solução pode ser a ajuda de um investidor-anjo. Você já ouviu falar? Existem aproximadamente 7,8 mil investidores deste tipo no Brasil, com aporte financeiro de mais de R$1 bilhão.
O que é um investidor-anjo?
O termo surgiu nos Estados Unidos, originalmente Angel Investor ou Business Angel, no início do século XX. Designava patrocinadores das peças da Broadway, que davam suporte na execução, assumiam os riscos do negócio e participavam do lucro. O conceito evoluiu e expandiu a atuação no mercado. É uma forma de investimento nova no Brasil, que ganha relevância no processo de gestação de pequenas e médias empresas.
Os investidores-anjos, que podem ser pessoas físicas ou empresários, financiam propostas inovadoras de negócios, como as startups, que não têm capital para operação. Eles possibilitam que sonhos se concretizem, com suporte não apenas financeiro, mas também intelectual. Os investidores, no geral, têm experiência em implementação de negócios, e contribuem com conhecimento e rede de relacionamento, que ampliam as possibilidades de sucesso. Por ter esse diferencial estratégico, a modalidade ficou conhecida como smart money.
Onde buscar?
Os investidores podem ser encontrados em eventos voltados para o segmento de novos negócios. A apresentação dos projetos pode ser realizada, também, em plataformas online, especializadas em negociações desse tipo. Existem, inclusive, empresas que auxiliam as startups a ampliarem as chances de atrair investidores, com elaboração de projetos detalhados, em que está definido o modelo de negócio.
O investimento-anjo, no Brasil, é direcionado principalmente para startups, mas outros setores também recebem esse tipo de financiamento, como empresas consolidadas com ideias inovadoras, projetos imobiliários, franquias de energia solar, artistas e atletas.
Qual o retorno?
O investidor-anjo recebe como contrapartida o direito a um percentual na startup. O interesse dele é que o negócio cresça, para que essa parcela se valorize no mercado e possa vender futuramente, com retorno amplificado do valor investido.
O investidor não tem cargo executivo na empresa, atua como conselheiro estratégico e não é considerado sócio. Portanto, não tem nenhuma obrigação legal com o negócio, não responde por dívidas da empresa de qualquer espécie, inclusive os débitos trabalhistas.
Para diluir os riscos inerentes à implementação do negócio, geralmente, o investimento-anjo é feito por um conjunto de cinco a 30 investidores, que compartilham a dedicação. São definidos até dois líderes, que pela atuação mais efetiva são compensados com percentual maior no negócio.
Casos de sucesso
Investidores-anjos fazem parte da origem de muitas empresas de sucesso, como é o caso da Apple. Fundada pelos visionários Steve Jobs e Steve Wosniak, com o apoio financeiro de Mike Markkula. No Brasil, a empresa Buscapé é um exemplo de êxito, criada em 1999, com investimento-anjo, e uma década depois foi vendida à gigante Naspers por US$ 342 milhões.
A modalidade está em expansão no Brasil, e a tendência em 2023 é de maior aplicação de capital de investidores-anjos, principalmente em setores estratégicos e emergentes, ligados a educação, saúde, varejo, finanças, meio ambiente e agronegócio.