O Movimento Empresa Júnior (MEJ) surgiu em 1967 na França e foi trazido ao Brasil em 1988 pela Câmara de Comércio e Indústria Franco-Brasileira. O movimento brasileiro expandiu-se rapidamente e em apenas 10 anos surgiram 100 empresas, número que foi atingido, no país de origem, em 19 anos.
Atualmente, depois de 20 anos no Brasil, são mais de 22.000 universitários espalhados em cerca de 700 empresas juniores e realizando mais de 2.000 projetos por ano.
Uma empresa júnior é essencialmente uma associação civil sem fins econômicos formada exclusivamente por estudantes de graduação, que prestam serviços de consultoria e desenvolvem projetos para empresas, entidades e a sociedade em geral, sob a supervisão de professores especializados nas suas áreas de atuação. O objetivo desse tipo de organização é proporcionar ao universitário o contato direto com o ambiente de negócios, promovendo uma experiência de mercado aos alunos, enquanto ainda estão cursando a faculdade. Ao gerir uma empresa sem fins econômicos e prestando serviços como em uma companhia, os alunos desenvolvem capacidades como liderança, responsabilidade com resultados, comunicação, visão crítica, amadurecimento emocional e capacitação técnica.
O crescimento da empresa é uma busca diária dos seus empresários juniores, buscando inovações, dedicando-se a transformação de conhecimentos em novos produtos e métodos e possuindo, assim, uma tendência ao empreendedorismo. Um exemplo de determinação e envolvimento com o Movimento Empresa Júnior (MEJ) é a estudante de Administração Pública Sara de Freitas Braga, que hoje ocupa o cargo de presidente na Paulista Júnior – Projetos & Consultoria, empresa júnior da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Araraquara. Sara participou do processo seletivo da empresa logo no primeiro ano de faculdade e foi escolhida. Entrou como trainee na diretoria financeira, foi promovida a consultora e no ano seguinte ocupou o cargo de diretora de relações comerciais da empresa. Hoje é presidente e ainda ocupa outros cargos dentro da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo (FEJESP) e da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior).
“Ao conviver com a equipe e conhecer um novo horizonte de trabalho, a Paulista júnior me mostrou que se algum dia eu pensei que sabia algo sobre o que era trabalhar em uma empresa, eu estava completamente errada. E até hoje penso assim, pois dia-a-dia aprendo algo novo na empresa, desde auto-conhecimento, quanto à técnicas de trabalho. Se eu puder dar algum conselho a qualquer empresário júnior eu diria para aproveitar a oportunidade. Aprenda sempre e sempre queira aprender!”. Sara ressalta ainda que, ao desenvolver e executar projetos, o estudante tem contato direto com clientes reais, proporcionando assim o fortalecimento da rede de contatos e podendo facilitar o seu ingresso no mercado de trabalho num futuro próximo. “Quando que eu imaginaria que conheceria alguém do Pernambuco? Alguém do Sul? Enfim, quando eu pensei que viajaria pelo estado de São Paulo inteiro, sendo bem recebida e conhecendo pessoas e mais pessoas? Pense grande! Mas atenção: "Cresça com as pessoas e não passando por cima das pessoas". Ao fazer parte de uma EJ você ira se relacionar melhor, desenvolverá o aprendizado em negociar e saberá o quanto é satisfatório falar: "negócio fechado", antes dos 20 anos!”. Quanto ao fato de não receber nenhum tipo de remuneração, Sara é direta “Hoje podemos não ganhar nada financeiramente falando, mas… conversamos no futuro!”.
Lucas L. M. Della Testa, formado em Administração Pública pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) campus de Araraquara e ex membro da Paulista Júnior, conta que a experiência foi um grande aprendizado. “Fazer parte de uma empresa júnior é muito mais do que participar de projetos. É pertencer a um grupo, compartilhar responsabilidades, sentar-se à mesa com profissionais experientes e negociar, ouvir muitos "nãos" e entender que o mundo não é perfeito. É isso que faz você vibrar a cada conquista.”
Ele ressalta ainda que, alem do enriquecimento profissional, esta atividade contribui para o amadurecimento pessoal e que muitos estudantes optam pela participação na empresa júnior ao invés de realizar um estágio pois acreditam que a experiência adquirida é muito maior, dado que poderão exercer na prática o conhecimento teórico da graduação e possuem a autonomia que muitas vezes não teriam em uma companhia.
“Ter feito parte de uma empresa júnior foi certamente um diferencial para a minha formação humana e profissional. A amizade e o companheirismo que são tão cultivados nesse ambiente fortaleceram-me enquanto indivíduo e deixaram laços que permanecem muito saudáveis. Até hoje carrego comigo muito do que vivi enquanto estava na Júnior, algo que um estágio jamais me proporcionaria. A oportunidade de tomar decisões, liderar, entrar em contato com instrumentos, ferramentas e até jargões geram um crescimento muito rápido e intenso.” Atualmente, Lucas é Especialista em Políticas Públicas na Unidade de Desenvolvimento e Melhoria das Organizações da Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo.
O mercado de trabalho se encontra mais competitivo e a garantia de emprego após o termino do curso superior não existe mais. Por isso, os alunos que participam de uma empresa júnior, ao se candidatarem a uma vaga, já possuem a experiência e o perfil mais voltado à demanda das empresas e conseqüentemente estão um passo a frente dos demais candidatos que só possuem a graduação como formação profissional. Visto que estamos na era da informação, em que as mudanças ocorrem rapidamente, possuir o diploma do ensino superior já não é mais um diferencial e o estudo contínuo deve existir. Por isso, como diria o Lucas, “Os cabelos caem, as barrigas crescem, os filhos chegam, mas – como a vida é um eterno aprendizado – continuamos sempre juniores.”