Folhapress
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, manter novamente a taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano. Essa foi a penúltima reunião do Copom neste ano e acontece às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais.
A maioria dos economistas já esperava a manutenção dos juros. Além da questão eleitoral, a avaliação é que aumentar ou reduzir a taxa agora seria reconhecer que a instituição errou nas suas decisões recentes. O próximo encontro do Copom será realizado no início de dezembro e não há expectativa de mudanças. Para analistas, os juros só voltam a subir em 2011, no próximo governo.
A taxa básica começou a subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor nível da história recente. Chegou ao nível atual em julho. A Selic determina o custo do dinheiro para os bancos e, por isso, serve de base para o custo dos empréstimos a empresas e consumidores, cuja taxa média está hoje em 35% ao ano.
Para especialistas, o cenário atual é de estabilidade nos juros bancários, pois a alta esperada para a Selic no próximo ano deve ser compensada pela redução na inadimplência e pela maior oferta de crédito. A política de juros do Banco Central neste ano causou muita polêmica entre os economistas do mercado financeiro.
Para alguns, o calendário eleitoral levou a instituição a adiar o início do ciclo de alta para depois da definição das candidaturas. E a antecipar o fim para a última reunião antes do primeiro turno. Outros consideram que o BC exagerou nas avaliações sobre a inflação no começo do ano e demorou a perceber que a economia já dava sinais de desaceleração.
Ranking – A manutenção da taxa deixa o Brasil no topo do ranking das maiores do mundo, com juros reais a 5,3% ao ano. Na segunda posição aparece a África do Sul, com taxa real anual de 2,4%. Na terceira colocação está a China, com 2%. O ranking foi elaborado por Jason Vieira, analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora, e Thiago Davino, gerente financeiro da Weisul Agrícola, com 40 das maiores economias do planeta.
A alta taxa de juros contribui para atrair mais dólares para o País e ajuda a derrubar a cotação da moeda. A taxa média geral dos países analisados pela dupla ficou em -0,6%. Os últimos lugares do ranking são ocupados por Venezuela (-8,2%), Índia (-4,4%) e Grécia (-4,4%). A liderança do Brasil ajua o País a registrar uma expressiva entrada de capital externo, que ocorre porque os títulos de renda fixa emitidos aqui pagam mais que seus pares internacionais.
Projeções – O mercado estima que a Selic encerre 2010 no patamar atual de 10,75% ao ano e termine 2011 em 11,75%. Para o crescimento da economia brasileira, as estimativas foram mantidas em 7,55% neste ano e 4,5% no próximo. O prognóstico para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu para 5,2%, ante 5,15% na semana anterior. O percentual do próximo ano alcançou 4,99%, frente a 4,98% no relatório passado.