No momento em que acabamos de promover o maior espaço do conhecimento da América Latina, cujo tema foi “Gestão do Conhecimento como estratégia para um mundo sustentável”, cabe entender um pouco melhor o significado de sustentabilidade e sua inserção na sociedade do conhecimento.
O KM Brasil 2010 foi preparado de modo que todos pudessem compartilhar, em três dias de congresso, conhecimentos relevantes sobre práticas sustentáveis, que pudessem agregar desenvolvimento pessoal e profissional. Também houve a possibilidade de realizar um networking de alto nível com outros pares e promover discussões em torno do assunto.
Nesta edição, batemos o recorde de trabalhos inscritos, com 40% de crescimento em relação ao ano passado. Fato que destaca a importância crescente de eventos como este no cenário nacional e da América Latina. Entre os 630 congressistas, tivemos a participação de 20 estados brasileiros e representantes da Argentina, Estados Unidos, Portugal, Equador, Burkina Faso (África Ocidental).
Com certeza, pudemos evoluir rumo à sabedoria, participando de 1 tutorial de gestão do conhecimento. 14 painéis com temas específicos, 2 palestras internacionais, 3 talk shows, 23 trabalhos científicos e 83 pôsteres. Essas apresentações mostraram a evolução da gestão do conhecimento e da sustentabilidade no Brasil.
A palavra sustentabilidade tornou-se moda e é repetida à exaustão, estando associada até mesmo a práticas que muito pouco ou nada trazem de respaldo em forma da proteção do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Em sua origem, sustentabilidade significa durabilidade, consciência e está relacionada à capacidade de manter um sistema no longo prazo – o que não quer dizer que tal durabilidade signifique imutabilidade ou rigidez. Muito pelo contrário, um sistema sustentável é aquele resiliente, capaz de sobreviver às adversidades e fazer delas um meio de superação e reinício. Assim, pode-se dizer que um sistema sustentável é também um sistema complexo, que abriga contradições e dilemas que o levam sempre a um patamar superior de evolução.
Complexidade não existe sem aporte e intercâmbio de informações e conhecimentos de forma organizada e direcionada para uma finalidade evolutiva. Por isto mesmo, todo sistema sustentável tem como base o conhecimento e não vai muito longe sem ele.
Nas empresas, iniciativas que apenas mascaram a sustentabilidade, como green washing, ou discursos publicitários de proteção ambiental desassociados de práticas arraigadas às rotinas e culturas organizacionais, não podem ser considerados sustentáveis nem geradoras de inovação. Por isto mesmo, é importante estarmos atentos a como o conhecimento sobre sustentabilidade chega às organizações, como ele é compreendido pelas pessoas, como é disseminado, transformado, e como passa a incorporar valor de maneira durável. Podemos dizer, em linhas gerais, que este é o processo de gestão do conhecimento para a sustentabilidade. É este o processo que gera a inovação dita sustentável.
Não há uma fórmula pronta para desencadear este processo, mas algumas sugestões importantes são: em primeiro lugar, definir uma compreensão comum de sustentabilidade na organização, mapeando processos e verificando quais oportunidades de melhoria se apresentam no contexto, que também envolvem o meio ambiente e as pessoas, tendo em vista a inserção local da organização e o alcance de seus negócios.
Depois, é necessário escolher uma área-chave crítica de atuação em que a questão ambiental seja um problema transformável em oportunidade, ou em que possa ser melhorada a partir de uma situação favorável já existente. Também é preciso comunicar as pessoas sobre a importância das ações em defesa do meio ambiente no dia a dia para criar uma cultura de busca e compartilhamento de conhecimentos para a melhoria ambiental, incentivando a transformação de atitudes. Valorizar pessoas do entorno da organização e seus conhecimentos tradicionais visa a personalização de uma política de meio ambiente.
Por fim, faz-se imprescindível criar e implantar métricas para acompanhar o progresso em direção a iniciativas ambientais.
Essas são apenas algumas dicas. O caminho de cada um pode abrigar mais ou menos práticas ou ser mesmo totalmente diferente. O que importa é que a sustentabilidade seja compreendida e gerada de dentro para fora da organização, que signifique um caminho de equilíbrio evolutivo envolvendo pessoas, ambiente natural e os negócios, tudo isto para gerar diferenciais dos quais todos se beneficiem.