Os empresários brasileiros estão menos confiantes. O otimismo dos industriais atingiu em agosto 56,4 pontos, ficando 1,5 ponto abaixo do mês passado. Na comparação com agosto de 2010, a queda é ainda maior, de 7,6 pontos. As informações são do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira, 19.08. O ICEI varia de zero a cem. Valores acima de 50 pontos mostram empresários confiantes e abaixo indicam falta de confiança.
O otimismo dos industriais em agosto está abaixo da média histórica de 59,6 pontos. Diz o estudo que a queda da confiança ocorreu em todos os portes de empresa. O economista da CNI Marcelo de Ávila destaca que o recuo no ICEI, embora não seja contínuo, ocorre desde fevereiro de 2010.
“Até aquele momento, os empresários vinham de um forte crescimento da economia, que estava se recuperando do ápice da crise, ocorrida no fim de 2008”, explica. “O setor industrial vem percebendo que a economia perde dinamismo e, por isso, está menos otimista”, completa.
Ávila afirma que a queda no ICEI em agosto foi puxada, sobretudo, pela avaliação das condições atuais da economia, que registrou 44,5 pontos. Segundo ele, a situação adversa da economia mundial deve fazer com que a confiança dos empresários caia ainda mais no terceiro trimestre do ano.
De acordo com a pesquisa, com exceção do setor de borracha, todos os demais segmentos da indústria de transformação registraram pessimismo em relação às condições atuais da economia. Outro aspecto em que os empresários estão pessimistas é em relação às condições atuais da empresa, indicador que atingiu 49,5 pontos em agosto.
EXPECTATIVAS
A pesquisa constatou otimismo nas expectativas para os próximos seis meses sobre a economia brasileira e à empresa, mas essa confiança está menor: caiu de 62,7 pontos em julho para 60,7 pontos em agosto. Ávila explica que é natural que esse otimismo sobre o futuro se mantenha. “Caso contrário, as empresas fechariam as portas”, assinala.
Conforme a pesquisa, dos 26 setores industriais analisados, 19 registraram queda das expectativas sobre a economia brasileira para os próximos seis meses. Os segmentos de madeira, veículos automotores e máquinas e materiais elétricos registraram expectativas inferiores a 50 pontos.
O ICEI de agosto foi calculado com base nas entrevistas feitas com 2.347 empresas entre 1º e 16 de agosto, das quais 1.200 de pequeno porte, 818 médias e 329 grandes.
Empresários estão propensos a contratar
Pesquisa da Fecomercio mostra, entretanto, descolamento na capacidade do empresário em vislumbrar um futuro e investir para que ele se concretize
Os empresários do setor do comércio de bens e serviços estão mais otimistas com relação às condições atuais da economia e se mostram propensos a contratar. De acordo com o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), 74,89% afirmam que pretendem aumentar o quadro de funcionários, sendo que 9,88% dos empresários pretende aumentar muito o total de trabalhadores em suas empresas. Na comparação entre junho e julho, o ICEC registrou alta de 4,2%, atingindo 124,3 pontos em uma escala que varia de 0 a 200 e denota otimismo quando acima dos 100.
A Assessoria Técnica da Fecomercio afirma que os empresários tendem a fazer uma avaliação do presente mais baseada nos rendimentos de seus negócios do que na economia como um todo e, por isso, a avaliação deles permanece positiva mesmo após a notícia de que o faturamento do comércio no primeiro semestre de 2011 registrou recuo de 0,3%. O bom resultado do ICEC pode ser analisado como uma prévia do que foi o comportamento do consumidor e o total das vendas em julho. A percepção é ancorada pelo ótimo nível de emprego e renda, que estão muito acima do patamar em que se encontravam no mesmo período de 2010.
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), componente do ICEC apontou elevação de 2,5%, chegando aos 154,8 pontos, enquanto o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) anotou um crescimento de 4%, totalizando 108,9 pontos. O resultado, segundo a Assessoria Técnica da Fecomercio, demonstra um descolamento na capacidade do empresário em vislumbrar um futuro e investir para que ele se concretize.
Para os próximos meses, a tendência é de que o ICEC não apresente variações muito amplas, permanecendo estável enquanto não houver uma mudança na política de restrição de crédito adotada pelo governo que vem limitando a capacidade de consumo das famílias.
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Responsável por administrar, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes e congrega 152 sindicatos patronais que respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.