O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, iniciaram na quarta-feira (31/7) o processo de negociações para um acordo comercial ambicioso e abrangente entre as duas maiores economias do continente americano.
Ao falar com os jornalistas ao fim da audiência, que foi fechada à imprensa, o ministro Paulo Guedes declarou que, oficialmente, o Brasil iniciava ali as negociações com os EUA. “O Brasil entrou em campo”, declarou o ministro.
“Quando terminamos a reunião, o nosso secretário Marcos Troyjo perguntou ao secretário Ross: oficialmente, estamos em negociações? E a resposta foi: certamente. Nós queremos isso”, relatou Guedes. Antes da reunião no Ministério da Economia, o secretário Wilbur Ross participou de uma audiência no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro.
Guedes disse, ainda, que é natural o aumento do interesse de economias mais maduras pelo grande mercado interno brasileiro. “Nós ficamos décadas fora desses grandes acordos comerciais. Então, quando o Brasil anuncia que quer aumentar seu grau de integração, o que acontece é que a bola está rolando. Então, vieram os americanos para conversar. O secretário de comércio Wilbur Ross era um homem de negócios com investimentos em várias partes do mundo. Eu já o conhecia do setor privado, quando ia a Nova Iorque conversar sobre investimentos. Foi uma conversa fácil e bastante construtiva”, avaliou.
Segundo o ministro, a orientação dos presidentes Bolsonaro e Trump é a de que o Brasil e os EUA devem ficar mais próximos e integrar suas economias. “O comércio global está integrado, mas o Brasil ficou de fora. O Brasil é um mercado potencial muito grande. Quando o Brasil mostra interesse em voltar num momento em que o mundo precisa deste tipo de mercado, estamos numa posição bastante interessante”, analisou Guedes.
Intercâmbio comercial
O secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse que é uma oportunidade importante para o Brasil, já que nosso intercâmbio comercial com os EUA, segundo ele, está longe do seu potencial.
Para Troyjo, o Brasil ficou preso em algumas “armadilhas” como as velhas doutrinas de substituição de importação que não permitiram ao país avançar no relacionamento com a maior economia do mundo. O que, segundo ele, deve mudar a partir de agora.
“Temos agora que traduzir a vontade dos dois governos”, disse Troyjo. “Ontem, o presidente Trump vocalizou fortemente o desejo de formalizar um acordo com o Brasil. O país é parte de uma união aduaneira que é o Mercosul. Isto significa que se nós quisermos traduzir esse desejo comum aos dois governos de ter um acordo que envolva tarifas, será necessário da parte do Brasil que essa negociação venha acompanhada dos nossos sócios do Mercosul. Se o tipo de acordo não envolver tarifas – como facilitação de comércio, propriedade intelectual, convergência regulatória, telecomunicações – pode ser um acordo bilateral, país a país. Hoje, na nossa conversa com o secretário Ross nós combinamos de nos engajar em ambas possibilidades”, informou.