Parar de fumar, iniciar uma nova carreira, desenvolver novos hábitos, adotar uma alimentação saudável e ser feliz. Quem nunca fez uma resolução para o ano novo? A cada ciclo da Terra em torno do sol, elaboramos ideias e abstrações sobre o que queremos ou podemos ser e fazer. No entanto, a vontade de mudar não resiste à primeira semana do ano seguinte.
Há um estudo da Universidade de Scranton — embora antigo, seus resultados são empiricamente constatáveis — que indica que 25% das pessoas permanecem comprometidas com os novos planos nos primeiros 30 dias e apenas 8% continuam firmes ao longo do ano. Resoluções e desejos se dissipam rapidamente.
De acordo com uma pesquisa da Strava, rede social e aplicativo para monitoramento de atividades físicas, a maioria dos atletas de fim de ano desiste de seus intentos no dia 12 de janeiro. O levantamento foi feito na própria base de usuários do app, que verifica indicadores de desempenho dos usuários, como tempo e distância percorridos em corridas ou caminhadas.
O que fazer então? Como aproveitar a transição do calendário e operar uma mudança completa de vida?
No mundo da Administração, sabemos que qualquer objetivo deve ser precedido de conquistas menores que levam ao prêmio maior. Toda grande meta precisa ser subdividida em etapas acompanhadas por indicadores de desempenho e — o mais importante — prazos. Na vida pessoal não precisa ser tão diferente.
Criar esses objetivos pode não ser tão simples. Muitas pessoas visualizam grandes transformações para o ano seguinte, mas não entendem o que é necessário para que o sonho se concretize. Por isso, os objetivos devem atender aos seguintes critérios:
O tempo é um fator crítico para o sucesso de qualquer projeto. Com as iniciativas pessoais não é diferente. Sem precisar o "quando" da equação, deixando os resultados ao sabor do acaso, é provável que você desista quando perceber que algo parece estar demorando demais para acontecer.
Não deixe os prazos sob responsabilidade da intuição. De preferência, anote e deixe em um local visível, em um cômodo da casa que seja bastante frequentado por você. Ao final de cada prazo, analise novamente os objetivos e veja se é necessário algum ajuste.
Já ouviu falar no ciclo PDCA? Pois é, não é tão diferente.
Quando você perceber que, no prazo aproximado, atingiu uma determinada meta, sentirá a motivação necessária para partir para a próxima. Assim, é provável que você chegue ao final do próximo ano em um estágio mais avançado — em termos de mudança de hábitos e metas de desenvolvimento — do que imaginou.
O dia 1 de janeiro pode ter algum significado esotérico para algumas pessoas, mas, em geral, é só uma data convencionada no calendário gregoriano. Apesar de representar o início de um novo ciclo, a data não tem efeito prático além de uma dose de motivação. É você quem escolhe a linha de partida: e ela está aí nesse momento, nesse exato local.
Pegue um papel e caneta e escreva o que você quer ser ou mudar em 2020. Estabeleça objetivos, etapas e prazos, como mostramos acima, e comece a trabalhar. Você pode usar uma planilha ou aplicativo, se preferir, mas mantenha o foco nas metas.
Quer ter hábitos mais saudáveis? Matricule-se em uma academia, seja ela convencional, de artes marciais ou de Pilates; elimine alimentos que não fazem bem ao corpo e beba bastante água — compre uma garrafa pessoal, de preferência.
Quer desenvolver uma nova habilidade? Procure cursos online ou presenciais, leia livros e artigos de estudiosos que são referência na sua área, busque informações de qualidade e comece a criar bons laços profissionais. O networking pode levar você a lugares e posições de emprego nunca imaginados.
Quer mudar de carreira? Analise sua situação financeira, veja quais são os investimentos necessários para que você desenvolva uma capacidade que lhe permita entrar em uma nova profissão e analise quanto de sua renda mensal você pode abrir mão ao aceitar um emprego na nova área. O redimensionamento do padrão de vida é crucial.
Há alguns anos, publicamos algumas observações sobre a entrevista perdida de Bruce Lee, concedida alguns anos antes de sua morte. Um dos pontos destacados diz respeito à consistência dos atos para que a arte — ou ofício — se torne algo tão natural que não exija nenhum grande esforço racional de quem a pratica.
É a repetição que nos faz melhores hoje do que éramos ontem. Não é a capacidade de imaginar diferentes realidades ou de deixar a mente vagar por abstrações, mas a habilidade de, conscientemente, obrigar nosso corpo e mente a aprenderem.