Atualmente, o Brasil é o país mais ansioso em todo mundo – um a cada 11 habitantes – e, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), contamos com 16,8 milhões de pessoas que sofrem com a ansiedade. A depressão, por sua vez, será a maior causa de incapacitação no mundo até o final do ano. Um dos principais sinais dos transtornos mentais é o isolamento social e, diante do cenário causado pelo coronavírus (COVID-19), no qual somos obrigados a ficar em estado de confinamento, será que acabaremos desenvolvendo transtornos de ansiedade e/ou depressão por causa da solidão?
Estamos sendo submetidos a uma dose de estresse e ansiedade extras, uma epidemia do medo, ou melhor, do pânico. Em uma entrevista, a psicanalista Vera Iaconelli, falou sobre a questão e reforçou essa ideia da epidemia do pânico. Segundo ela, o medo vem da ordem de proteção, já o pânico tem causa difusa, não deixando claro o porquê está sofrendo, caracterizando-o como desproporcional, um desespero. E alerta: “se acordarmos pensando nos riscos mundiais e nos nossos, projetando cenários imaginários, com certeza paralisaremos”. Dessa forma, desencadeamos uma avalanche de emoções, com as quais não sabemos lidar. As incertezas do futuro e o pânico do presente nos levam a tomar decisões rápidas – e, muitas vezes, atitudes egoístas como a corrida desenfreada aos supermercados, álcool gel e máscaras.
A tecnologia e a medicina alertam sobre quanto o pânico e o estresse podem contribuir para o surgimento de inúmeras doenças. Um estudo publicado pelo jornal científico East Asian Arch Psychiatry mostrou que 42% dos sobreviventes da SARS (2003), desenvolveram algum tipo de transtorno mental. O estresse pós-traumático foi a condição mais presente: 54,5%, seguida da depressão: 39%.
O volume do serviço de terapia on-line do negócio de impacto social Vittude, aumentou 50% no agendamento de consultas virtuais. Em um serviço norte-americano gratuito de suporte à saúde mental (Crisis Text Line), usuários mencionam palavras como medo, pânico e paranóico para descrever os próprios sentimentos. Um terço das conversas do serviço envolve ansiedade e aumentou mais de 40%, em março.
A OMS informou que a atual pandemia possui 191.127 casos confirmados e 7.807 mortes. Após a recuperação, essas pessoas podem desenvolver transtornos ansiosos e depressivos por conta do estresse e do isolamento. Com isso, poderemos ter números maiores que estes, se não começarmos a pensar e falar sobre saúde mental.
Todos fomos convocados a colaborar e atuar de forma tranquila, com os pés no chão e responsabilidade, sem transmitir pânico e colocar esta pandemia como o grande risco da humanidade. Agora é hora de procurar o sentido da máxima “toda crise é uma oportunidade” e quais seriam essas oportunidades?
Consigo, no momento, enxergar duas oportunidades claras. Primeiro, a de empresas que são avessas a trabalho remoto, em todas as conjunturas, tendo a necessidade de utilizar do recurso do home office e da tecnologia. A consequência: menos trânsito, menos emissão de CO2 e fortalecimento do comércio local. E a brecha que a sociedade aclamava: desaceleração e mais tempo, principalmente, aquele perdido no trânsito. Mas, o que fazer com esse presente? Que tal aproveitar para cuidar de você?
Para passar esta fase com tranquilidade – sim porque isso vai passar –, cuidando da nossa saúde da mente e dos ao nosso redor, gostaria de sugerir algumas práticas.