Lavar as mãos, usar máscaras e manter distância das outras pessoas. Medidas como essas ajudam a diminuir a disseminação do coronavírus, causador da covid-19. Mas, no ambiente de trabalho, só elas não dão conta de proteger toda a equipe. É preciso aliá-las a cuidados extras e a uma gestão atenta.
Abaixo, listamos alguns pontos importantes para empresas que estão funcionando em meio à pandemia – seja por meio do delivery ou do atendimento presencial, em segmentos ou cidades em que ele está permitido.
Proteção básica
O uso de máscaras faciais e a higienização constante das mãos são itens básicos e de extrema importância para a proteção. Luvas descartáveis também podem ser úteis, desde que utilizadas da maneira correta: não adianta usar o mesmo par para manusear dinheiro e para comer ou tocar o rosto enquanto estiver com ela. O mesmo vale para as máscaras, que não devem ser tocadas nem colocadas abaixo do queixo durante o uso.
Antonio Condino Neto, professor titular do departamento de imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, diz que o uso de aventais e escudos faciais de plástico colaboram ainda mais para a proteção, desde que eles sejam higienizados após o uso. Mas o melhor cenário, segundo ele, seria um no qual os funcionários também tivessem uma roupa apenas para trabalhar.
“O ideal ao chegar é tomar um banho, vestir um uniforme, colocar os equipamentos de proteção e ir trabalhar. Também seria importante ter um sapato apenas para usar dentro do estabelecimento”, diz. Para garantir a eficiência das medidas, o recomendado é treinar toda a equipe.
Atenção aos sintomas
Quem está apresentando sintomas de covid-19 ou de um resfriado deve ficar em casa. Como nem todos os casos suspeitos necessitam de atendimento médico, a recomendação geral é que a empresa flexibilize a exigência de atestado para justificar a falta.
Além da observação individual dos sintomas, Neto diz que uma medida eficiente em empresas é adotar a medição da temperatura dos funcionários. Quem estiver com febre deve ir para a casa e só voltar ao trabalho quando não estiver apresentando nenhum sintoma – ou, em caso de confirmação da doença, quando um teste demonstrar que ela não está mais portando o vírus.
Neto também diz que quem já teve a doença e se curou deve continuar tomando os mesmos cuidados. Ele é crítico à ideia do chamado “passaporte da imunidade”. “Ainda é muito cedo para afirmar que quem teve a doença está imune. Não sabemos quanto tempo os anticorpos duram nem se eles são de fato protetores”, diz.
Distância segura
Grandes aglomerações não são as únicas que não são bem-vindas: é preciso rever todas as rotinas que envolviam várias pessoas em um só local, como reuniões e até o horário de almoço. Neto diz que o ideal é diluir os intervalos para que seja possível manter mais distância entre as pessoas. Abrir portas e janelas também ajuda a manter o ambiente ventilado e, portanto, menos propenso à disseminação da doença.
Se o estabelecimento lida com o público, os cuidados também valem para ele. “Se o local tiver balcão e algum tipo de fila, as pessoas devem manter distância uma das outras. Uma possibilidade é sinalizar, no chão, o espaço de cada uma”, aponta ele. Instalar uma placa de acrílico no caixa, entre atendente e cliente, também ajuda a proteger as duas partes. Segundo Neto, o funcionário ainda deve aplicar álcool gel nas mãos a cada pessoa atendida.
Limpeza redobrada
O ambiente de trabalho pode ser higienizado com os produtos de limpeza habituais, como água e sabão, álcool e água sanitária. A diferença está na frequência, que deve ser mais alta na medida em que a superfície oferecer mais riscos. Neto sugere fazer a limpeza total do ambiente, incluindo a limpeza das paredes, uma vez por dia. Mas áreas e objetos como balcões, maçanetas, interruptores e banheiros devem passar por limpeza contínua. “É preciso ter um funcionário que esteja disponível para passar um pano no balcão a cada 30 ou 40 minutos”, aponta Neto.
Ele ressalta ainda que a saúde da equipe não é a única a ganhar com todos os cuidados: a tendência é que os clientes observem ainda mais a higiene dos locais que optarem por frequentar. “Uma pessoa que tiver esclarecimento e vir uma loja lotada e sem precauções não vai entrar”, afirma. Também diz acreditar que alguns formatos de atendimento, como o de restaurantes self-service, não serão recuperados tão cedo. “Não vamos voltar ao normal até que se tenha uma vacina.”