Gerenciar pessoas e empresas durante tempos de mudanças tumultuosas é uma das atividades mais difíceis de se enfrentar. O futuro é uma hipótese e, ainda há muita incerteza e informação desconhecida. Sabemos que lidar de forma serena com o incerto e desconhecido é privilégio de poucos. Neste artigo, vamos falar sobre como fazer a gestão emocional da sua equipe durante a crise.
Antes pandemia a gente já sentia os impactos na nossa saúde mental. Segundo os dados da OMS e da ISMA:
O tema já estava na nossa pauta e nós entramos na crise com alguns soldados já machucados. A gente tem que gerenciar esse débito técnico. Mas, como?
As emoções surgem, na maioria das vezes, por gatilhos externos. Logo, não tem como a gente falar de delas considerando apenas o contexto interno.
É fato. A crise inédita que estamos vivendo afeta as emoções dos colaboradores.
A pandemia nos provou que o mundo VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo – é real e que existe um mundo VUCA dentro de nós, nossas emoções são voláteis, incertas, complexas e ambíguas.
Liderança na crise é gestão de diversos mundos VUCAs.
O objetivo do momento é manter a lucidez. Assim, as lideranças precisam levar em consideração duas condições:
Condições estruturais
A mudança é externa. Toda mudança externa gera mudanças internas, chamamos de transições.
A transição envolve importantes processos psicológicos – por exemplo, como os funcionários veem e se adaptam ao trabalho em homeoffice. Uma mudança pode acontecer da noite para o dia, enquanto uma transição pode demorar.
O livro Managing Transitions é base do trabalho para a gestão da crise, que engloba a gestão da mudança (externo) e a gestão de transição (interna). Existem três etapas para esse processo:
A primeira fase, Letting go, diz respeito a deixar ir tudo que passou. O que vivemos no começo de março jamais será vivido novamente, já entramos na fase de adaptação. Assim, Losing abrange a zona cinzenta que vivemos agora, em que não temos clareza do que vai acontecer mas sabemos que o formato que estávamos vivendo não faz mais sentido. E, por fim, Ending diz respeito a deixar pra trás esse momento de transição e entrar no “novo normal”, um novo começo.
Letting go – deixando ir
É preciso abandonar os velhos hábitos. Essa primeira fase é um fim e um momento de perdas e você precisa ajudar o seu time a lidar com isso. Por isso, alguns processos são importantes:
Como eu faço isso na prática?
Losing – perdendo
Essa é a fase mais longa e não temos clareza para onde estamos indo, qual é o fim da ponte. O antigo se foi e o novo não chegou. Porém, sabemos que precisamos mudar. Dessa forma:
É a fase do ápice da ansiedade. A boa notícia é que se é o ápice, tende a melhorar.
Como eu faço isso na prática?
Ending
É a fase em que saímos da transição e fazemos um novo começo. Nessa fase, as pessoas desenvolvem a nova identidade, experimentam a nova energia e descobrem o novo senso de propósito que faz com que a mudança comece a funcionar.
Assim, é preciso ter em mente os 4Ps:
Não é possível saber qual será o novo normal, mas será uma nova empresa. E isso demandará uma nova liderança.
Condições emocionais
Temos uma série de respostas emocionais à crise e o líder precisa mapear como isso fica evidente nele como pessoa, nos outros líderes e nos colaboradores. Através desse mapeamento é feita uma análise da evolução dos sentimentos em todas as fases, principalmente nas duas primeiras.
Emocional
Físico
Comportamento
Cognitivo
Em uma pesquisa que a Lidehra fez com 136 líderes para entender melhor como estavam sendo afetadas pelas mudanças, o sentimento mais recorrente foi ansiedade.
A ansiedade é uma resposta adaptativa a adversidades ou desafios agudos e acontece de forma moderada na maioria de nós. O gráfico abaixo mostra que este sentimento é agravado quando o desafio percebido é maior do que a habilidade que acredito ter para vencê-lo.
Adaptado da teoria do Flow, de Mihaly Csikszentmihalyi
Em um momento de crise sem precedente, chega a ser lógica a percepção de que não estamos preparados para vencê-la. A grande sacada disso tudo é que estamos falando de percepção de preparo e percepção de desafio. Isso vai depender muito da nossa habilidade de olhar diferentes perspectivas sobre ambos, ou seja, posso estar ansioso por algo que nem é tão relevante assim na realidade.
Leia o artigo completo: Liderando na crise: panorama, insights e recomendações
Nesse momento, os líderes e os colaboradores precisam desenvolver skills para enfrentar esse período. Assim, as pessoas aprenderão coisas novas na crise e sairão mais fortes.
Agilidade emocional é interagir com as emoções com curiosidade, aceitação e coragem para tomar decisões com base no que eu valorizo.
Susan David
Nossas emoções apenas são. Não existe certa, errada, grande ou pequena. Elas são informações e informam o que valorizamos.
Cada um de nós, quando vai para o trabalho, tende a esconder as emoções. Isso gera um gasto de energia desnecessário, que poderia ser utilizado em outras questões. Assim, as lideranças precisam criar espaços seguros para que as pessoas sejam vulneráveis.
Por onde eu começo?
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