As transações feitas pelo Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, já representam 30% de todas as operações feitas por pessoas físicas e jurídicas no país, considerando pagamentos feitos por maquininha e transferências por DOC e TED.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (24) pela Pesquisa Febraban (Federação Brasileira de Bancos) de tecnologia bancária feita em parceria com a Deloitte. A divulgação foi feita no congresso Ciab de tecnologia bancária, promovido pela federação.
Em novembro, quando foi lançado, o Pix representava 7% de todas as transações.
Em maio deste ano, as transações com Pix somaram 613,8 milhões, aumento de 22,8% em relação a abril.
Dados do Banco Central divulgados em maio deste ano também já apontavam o Pix como a transação mais popular do país, tendo ultrapassado R$ 1 trilhão em transações até abril. Crescendo mês a mês, foram R$ 307 bilhões em transações via Pix no mês, com 478,6 milhões de operações.
Ainda de acordo com o BC, a maior parte das transações feitas no país são por Pix desde março. Segundo a autarquia, de novembro a maio, o valor médio de um Pix é de R$ 717.
Segundo o gerente-geral de TI do Banco do Brasil e diretor setorial de TI da Febraban, Rodrigo Mulinari, é difícil projetar o tamanho do crescimento do Pix ao longo dos próximos meses.
"A expectativa é que diante da forte adesão que o Pix tem mostrado, ele venha a se tornar o principal meio de pagamento para pessoas físicas e jurídicas no curto ou no médio prazo. O sistema tem uma agenda regulatória extensa que ainda está em construção e novos negócios estão sendo construídos ao redor desse ecossistema", afirmou o executivo em entrevista feita a jornalistas.
Outro destaque trazido pela pesquisa foi o aumento das operações digitais. As transações bancárias feitas por dispositivos móveis, como o celular, totalizaram 52,9 bilhões de operações em 2020.
O número recorde é um avanço de 43% em relação ao observado em 2019 e, pela primeira vez na série histórica, representa mais da metade de todas as transações feitas durante o ano.
Ainda segundo o levantamento, 90% de todas as contratações de crédito registradas em 2020 foram feitas por canais digitais.
O movimento, que ganhou tração diante da pandemia do coronavírus e do maior uso do mobile e internet banking pelas transações referentes ao auxílio emergencial, também teve outros efeitos na indústria bancária.
Segundo a pesquisa da Febraban, operações feitas por meio do internet banking, dos caixas eletrônicos e das agências tiveram redução de 0,1%, 8,8% e 28,3%, respectivamente, em comparação a 2019.
"Todos os tipos de transações mostraram queda nos ATMs [caixas eletrônicos], muito por conta da pandemia. Mas isso já mostra uma indústria bem preocupada com o canal, pensando em renovar ou em como melhorar o grande parque de máquinas que estão instalados pelo país", afirmou o sócio-líder para a indústria de serviços financeiro da Deloitte Brasil, Sério Biagini.
Em relação às agências, que representaram apenas 3% do total de transações (que caíram 28% na comparação anual), os executivos afirmam que os espaços físicos ainda terão relevância, principalmente para tratar contratação de produtos e serviços mais complexos, como renegociação de dívidas.
"Há uma mudança no comportamento do cliente e os canais digitais vêm ganhando a preferência. Mas ações mais complexas, que precisam de apoio maior de atendimento, como investimentos, seguros e negociação de dívidas, ainda tendem a acontecer nos espaços físicos. As agências começam a ganhar um papel mais consultivo", disse Mulinari.
Outro ponto importante trazido pela pesquisa é o investimento em cibersegurança, área que representa 10% de todo o orçamento separado para TI. Segundo o levantamento, os bancos separaram R$ 25,7 bilhões para investir em tecnologia em 2020, alta de 8% em relação a 2019.
Recentemente, porém, houve um aumento no registro de fraudes bancárias após o furto de celulares, crimes praticados pelas chamadas quadrilhas "limpa-conta".
Diante da situação, o Procon SP anunciou nesta quarta-feira (23) que vai exigir de bancos e empresas de telefonia a criação de centrais de emergência para o bloqueio imediato de contas após o extravio de aparelhos.
A ideia, segundo a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor, é a criação de serviço gratuito, com números de telefones de fácil memorização (111, por exemplo) e que o atendimento seja feito quase instantaneamente, para evitar que os criminosos consigam limpar a contas bancárias antes que as vítimas comuniquem o crime.
"Os canais digitais são seguros e há um investimento massivo e uma preocupação constante em relação ao assunto. Sempre vimos a inteligência artificial no uso de segurança e os bancos continuarão a aprimorar os seus modelos. Mas os canais digitais são extremamente seguros", afirmou Mulinari.
Segundo o executivo, a maior preocupação do setor é em relação aos golpes feitos por meio de engenharia social, na qual o criminoso se faz passar por uma instituição financeira e coage a vítima a passar seus dados bancários.
"Não registramos violação nos aplicativos. O que percebemos foi que em alguns casos em que o meliante roubava o dispositivo, ele estava aberto e possibilitava que o ladrão procurasse por senhas, credenciais e outras informações guardadas em notas ou mensagens pelo dispositivo", disse Mulinari.
"Por isso, sempre orientamos para que o consumidor nunca coloque senhas ou credenciais dentro de dispositivos. Eu reitero que os canais digitais são extremamente seguros."